Talvez associemos tanto viajar à liberdade, em função de, a cada lugar, ser tudo novo de novo, o que nos permite nos reinventarmos também. Isso, para uma fase em que estamos passando por grandes mudanças, pode ser medicinal. Não à toa, nós por aqui, buscamos na estrada, nossas novas versões, porque nossos novos caminhos aparecem caminhando.
“O mesmo” pode nos prender em vários velhos hábitos, velhos padrões, velhos eus. E estar em um lugar desconhecido, a sós, ou com pessoas desconhecidas, nos abre uma porta para nos desconhecermos também, e, com novos estímulos, nos reconhecermos, numa nova versão. E só assim, não nos perdemos de nós, porque estamos sempre nos atualizando de nós mesmas.
Nessa viagem, aqui na Indonésia, eu, Mari, estou tendo a oportunidade de vivenciar todo tipo de contexto: viajar só, viajar com amigos antigos e viajar com novas amigas até então desconhecidas, tudo isso dentro de um ambiente e cultura completamente diferentes, e ainda vivendo uma relação à distância.
Eu me desconheço e reconheço diariamente em cada um desses contextos, com aquela presença a mais, que cada destino traz. Porque sim, cada um deles desperta algo diferente em nós. Me sinto fazendo mestrado e doutorado em mim mesma. Cada destino, uma especialização.
O ideal seria que essas especializações em nós acontecessem todos os dias, mas a gente sabe que, muitas vezes, a rotina engole a gente inteirinha e cospe só o caroço. E aí te pergunto, qual foi a última vez que você se permitiu dizer o oposto do que disse antes? Ou você tem preferido ter aquela velha opinião formada sobre tudo, inclusive sobre si. Ah Raul.